"Deterioração" da relação entre autarquia e Fundação Cidade de Guimarães começou em Março
A Fundação Cidade de Guimarães, até hoje presidida por Cristina Azevedo, está encarregada da programação artística e cultural da Capital Europeia da Cultura (CEC) Guimarães 2012, enquanto que à autarquia cabe a programação material do evento, nomeadamente a construção de infraestruturas.
A 29 de Março, Jorge Sampaio, presidente do Conselho Geral da Fundação Cidade de Guimarães recomendou à administração da instituição a adoção de "práticas" para "estreitar" a cooperação com a Câmara Municipal de Guimarães.
Desde então, como admitiu a 17 de Julho o presidente da Câmara Municipal de Guimarães, António Magalhães, "o relacionamento entre a câmara municipal e Cristina Azevedo deteriorou-se".
A 19 de Maio, o pedido de demissão do gestor de projeto da CEC, Carlos Martins, levou o autarca vimaranense a admitir "fragilidades" na Fundação Cidade de Guimarães.
Na mesma data, António Magalhães deu ainda conta da "preocupação" com a forma como vinha a ser conduzido o processo de organização e de implementação da CEC.
"Eu tenho a preocupação que decorre daquilo que é o meu papel no quadro geral do projecto", disse.
Cerca de 15 dias depois, a 2 de Junho, António Magalhães aludiu pela primeira vez aquele que viria a ser o "principal" motivo do "divórcio" entre a "liderança" da Fundação e o autarca: o protocolo entre a cooperativa Oficina e a Fundação.
O referido protocolo estabelece a colaboração da Oficina na programação artística da CEC e a consignação à cooperativa de 15 milhões de euros para "cumprir a função que lhe foi destinada".
Durante uma reunião camarária, António Magalhães afirmou serem "incompreensíveis os atrasos na contratualização" entre as duas entidades.
A 16 de junho o autarca deu como "arrumadas todas as questões que tinham a ver com aspectos fundamentais da gestão" da CEC que o opunham à Fundação Cidade de Guimarães, uma vez que o "protocolo entre a Oficina e a Fundação" seria "assinado a curtíssimo prazo".
Mas, a 30 de Junho, o referido protocolo não estava ainda assinado e o autarca afirmou na Assembleia Municipal não ter "mais paciência" e que este atraso era a "machadada final" na relação com a Fundação.
"Eu já não tenho mais paciência. Eu não percebo. Quando assim é, mais vale romper do que estarmos nesta permanente ansiedade que nos vai pondo uns contra os outros", afirmou António Magalhães.
Quinze dias depois, a 14 de Julho, o autarca declara o "divórcio" entre a autarquia e a Fundação e anuncia a retirada de "confiança" a Cristina Azevedo.
É neste contexto que Jorge Sampaio convocou a reunião extraordinária de hoje para "avaliar o desempenho do Conselho de Administração" que acabou com Cristina Azevedo a pedir a demissão.